sexta-feira, 29 de julho de 2011



Tu e eu: - Nós

- Ah, porta com cadeado; - fino luxo!
Quatro paredes aos gritos cadentes...
No lençol alvo quente e saboroso;
Não víamos o corroer do tempo!...



Com fluidos duma beleza cândida.
Beijei tua rosa nua e insaciável
Ah, cama! Abrigo dos corpos...
Só o abajur cego via a cena!



Eu – Grande e feliz (como Narciso),
Vislumbrei teu sorriso angélico!...
Éramos dois astros a namorar.



No vale, rosa e límpido: - uma fonte...
Agigantara-se o doce perfume
Oh!... Mundo de raríssimo prazer!





Machado de Carlos

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O Soneto


- I -



Ela vem toda de vermelho... Um tesão!
Uma silhueta!... Uma pose tão bonita!
No espelho, vejo-a nua... Está tudo escrito:
Ela é minha!... leio os lábios!... suas mãos!



No Jeans está o bailar da emoção,
Meu pensamento some no infinito!...
Beijo a pele Jambo. Perco os sentidos!...
Nas pernas roliças fujo à razão!...

- II –



- Beleza púrpura: - És diferente!...
Perco-me nos teus seios comoventes,
Beijo teus lábios, num gozo sem nexo!



Absorvo o perfume da tua flor;
E sem rumo me lanho no teu amor!
No ápice, morro no teu sexo!...



Machado de Carlos

quarta-feira, 30 de março de 2011

Amor de Almas



No tom duma fagulha da loucura;
a aresta, um fanal do rouxinol
viajou!... estava farto e triunfal,
ardente com meu falo de ternura!


Anelei todo faro: - amor púrpuro!...
feliz com a falange de mortal.
Mergulhei na faísca animal,
...e entramos nus, na farra doce e pura!...


Tinhas a linda fatia da ilusão,
morri na faustosa canção,
...e vi grande fantasia anuir...


Estava tão faminto! Cerne bronze!
meu corpo faleceu, embora longe,
novo fascínio me obrigou a cair!...


Machado de Carlos

quinta-feira, 10 de março de 2011

Tua veste colorida de Cigana




Sonho com teus seios; - a cada momento!...
Vejo teu riso lindo de marfim...
Por que o destino a levou de mim?!
- Inda há luz naquele apartamento!...



Cada asfalto desnuda-se ao vento!...
Teu sexo róseo foi o meu triste fim,
E teus olhos ficaram no jardim...
Viajei quilômetros de sofrimento!...



Tua veste colorida de cigana;
Foi meu sol. O sol quente que profana...
Corro... Corro... Procuro aquele mel.



Tivemos horas dum amor total!
A lembrança grafa a hora ilegal
Que me deixou no pico do teu Céu!



Machado de Carlos

quarta-feira, 2 de março de 2011

Musa





Musa


Eu queria tanto, tanto, e voei tanto!...
Uma cigana viu no seu cristal...
Ela não teve a idéia do quanto
Sua luz acalmou este vendaval!...



Há felicidade por enquanto;
Vivemos num espaço desigual!
Sei que sofrerei, mas, no entanto,
Achei minha amada; - Ela é Imortal!...



O tempo e o espaço fogem à vontade;
Choro; - Há uma agonia nesta saudade!
- Oh! Lábios de mel: - Como te amo!...



Supero o juízo, fujo à razão;
Levito!... Sinto só o coração!
- Ó meu Céu!... Ó meu Mar!... Como te amo!...



Machado de Carlos

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Senti-me tão pequeno...

Um som ecoou pelas vias virtuais,
na tela de luz brilhou um nome:
- Impressionantes letras garrafais!...
... busquei um sonho. Sonho dum clone...


Então, eu era o rei dos imortais;
... soltei a voz translúcida que consome!
Comi o feijão dos tempos reais
E fiquei sem luz no ciclone!...


Criei cada movimento discreto;
tive o sexo forte e concreto!...
... e tomei todo fluxo que ele inflama!


Senti-me tão pequeno... tão ínfimo...
Mesmo assim lambi o seu íntimo,
e suguei a vaidade da cigana!...


Machado de Carlos

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ode Cigana



Tu és uma miragem? Contemplo tua imagem, minha luma.
Estático, divago, mudo!
Num único ímpeto me desnudo!
Mergulho no teu mar! No teu tudo.
Ah! Na banheira, teu corpo absorto acoberta as espumas,

Somos loucos de nós, engulo a tua voz, meu mundo cora!...
De corpo e alma nos entregamos;
Nada lá fora!... Nem os desenganos!...
Agora, só nós, nus e profanos!
Louco de tensão!... Entrego-me a emoção!...Beijo tua rosa!...

Nada tem nexo, beijo teu sexo, como rei dos amores.
Ouvimos o bailar do olmeiro,
O balançar lento do veleiro;
Enquanto absorvo todo o teu cheiro!...
Estamos de passagem, numa longa viagem sem pudores!...

Em ti encontrei a minha vida, a saída para os meus tristes ais.
Declaro-te, enfim, todo o meu amor!
Assinado com o espinho da flor;
Agora a Galáxia tem mais cor!...
Vamos para o infinito, pois, tudo está escrito!... Nada mais!...


Machado de Carlos